a pensar no debate de ontem. Parece claro que Costa ganhou. Não porque a sua proposta seja melhor ou pior. Porque fez passar a sua mensagem. Ninguém, já convicto do seu voto, vai mudar de ideias por causa de um debate/entrevista. O objectivo são os indecisos. E os indecisos são muitos como se pode ver pelas últimas sondagens.
E a razão da indesição é fácil de compreender.
Por um lado temos alguém que nos diz que vai continuar pelo mesmo caminho que, apesar de apresentar agora alguns resultados, foi estremamente penoso para a maioria dos portugueses. É essa a proposta de Passos. Alicerçada na viragem feita em 2014, na não caída na espiral recessiva ou num novo resgate, em desempego galopante e outros cenários que se nos puseram e que aconteceram. por exemplo, na Grécia. Neste cenário acreditam cerca de 1/3 dos votantes (mas apenas 1/6 dos inquiridos). E assim vão (vamos) continuar. É uma opção claramente penosa porque vai sempre ter crescimentos anémicos, impostos altos e uma muito lenta reforma do estado. Mas é um caminho conhecido. Por isso os números de quem acredita no programa em si ser bem maior do que os que dizem votar na coligação.
Outro terço acredita que é possível fazer diferente. Crescer rápidamente, baixar impostos, não cortar em tudo e mais alguma coisa. É a proposta de Costa e é aliciante. E foi isso que ele ontem consegui transmitir. É claramente uma opção de risco, em que o fantasma da bancarrota recente está sempre presente. Daí o não ter tanta adesão como seria expectável.
Finalmente existe outro terço dos votantes que sabendo que inevitavelmente serão um dos dois (Costa ou Passos) a ganhar, opta por votar no controle/protesto da futura governação. CDU, BE, Livre e afins não podendo governar irão tentar influenciar medidas uma a uma, tal como o têm feito e com resultados razoáveis (aprovação de medidas ditas fracturantes). Mas a sombra da Grécia nunca deixará os crescer muito mais. No poder seriam uma incerteza enorme.
E por isso tantos indecisos. Nenhumas das três opções é boa. Existirá para cada um uma menos má.
Costa conseguiu ontem passar melhor a sua ilusão que Passos a sua inevitabilidade.
Aguardemos as próximas cenas, mas recordemos que me 2009 o cenário foi semelhante. Alguém propunha um caminho penoso, outro um caminho glorioso. Ganhou o segundo, perdemos todos nós.